sexta-feira, 2 de maio de 2008

Tem que ser com carinho!

Por Eliza Brito

“Refoga camarão, sururu, ostra, marisco, filé de peixe, siri e aratú, polvo e lagosta. Junta tudo com verduras picadinhas, acrescenta leite de coco e leva ao forno por mais ou menos meia hora. Mas o mais importante é fazer com carinho, como se fosse pra família”. É assim que Dona Irene explica a receita da caldeirada, prato criado por ela no começo da década de 90.

Com 80 anos de idade e energia de 20, dona Irene conta que sempre trabalhou com frutos do mar, mas só conseguiu reconhecimento depois da criação do prato. Segundo ela, a delícia surgiu por acaso, quando um grupo de turistas foi comer no boxe da cozinheira, localizado no município de Itapissuma, e os crustáceos disponíveis já estavam acabando. Dona Irene não teve dúvida: misturou o restinho do camarão, com o restinho do sururu e de todos os outros mariscos que ela vendia no bar e um monte de verdura picadinha e colocou para esquentar. Na hora de servir, fez um pirão com farinha e o molho daquele caldo inventado por ela, batizado de caldeira.

Hoje, os 12 boxes que formam a praça de alimentação de Itapissuma, ponto turístico do Litoral Norte de Pernambuco, vendem a delícia, mas, de acordo com os clientes, nenhuma caldeirada se compara a da Dona Irene, que desde 1993 é feita pelo filho dela, Alberto Luiz da Silva, de 42 anos. Ele não nega que levou muito puxão de orelha para aprender os segredos da cozinha da mãe, mas se orgulha de há 15 anos gerir o bar que guarda uma pérola da nossa culinária. Mesmo com o projeto de ser vereador do município, Goiaba, como Alberto é conhecido politicamente na cidade, diz que nunca abandonaria o box. Sorte de Dona Irene, que não tem mais idade para administrar o negócio, e sorte maior ainda a nossa, que vamos poder saborear aquele caldo, que, não por acaso, virou referência da gastronomia pernambucana.

Serviço
Box da Irene: Itapissuma – Litoral Norte de Pernambuco
Fone: (81) 8804.8508

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